Esta coluna deveria ter saído faz uma semana, mas o desapontamento por River ter feito um triste papel em todos os torneios que disputou neste semestre deixa a gente sem vontade de escrever. Não há tácticas exitosas para analisar nem gols espetaculares para comentar. O que há são promessas não cumpridas, agitação, mediocridade e frustração. Uma história que se repete.
Pipo Gorosito continua fazendo (auto) crítica, o que é muito bom, mas que por si só não adianta nada; apenas constata o que todos já sabemos. Em sua defesa podemos dizer que o técnico não vai para o campo, não faz gols próprios nem evita os contrários, pelo qual não tem a culpa do mal que seus dirigidos possam jogar. Além disto, jogadores em geral fazem muito bem o papel de tontos quando rola a cabeça do técnico porque os resultados não chegam.
Por outro lado, o técnico é um gerente de qualidade (ou manager, como falam hoje) e, se não tem qualidade – o que neste River atual somente aparece em conta-gotas – o técnico é o principal responsável. É assim no mundo todo, e no clube mais campeão da Argentina não poderia ser diferente.
Vamos por um momento supor que o técnico e seus jogadores sejam funcionários de uma empresa qualquer (na realidade, é o que são), como provavelmente a maioria dos que lêem estas linhas, e não estrelas glamorosas que recebem seu peso em ouro. Se um empregado tiver em sua empresa desempenho tão pífio como o que uma boa meia dúzia dos nossos homens vêm apresentando há um ano ou mais, iria para o olho da rua em um piscar de olhos.
Ocorre que estes rapazes estão protegidos por contratos com cláusulas de rescisão e janelas de passes que, junto com seus polpudos salários, existem para que eles tenham tranqüilidade e possam exibir no campo de jogo todo seu talento e inspiração sem se preocupar com mais nada. Porém, esse talento e essa inspiração faz tempo não aparecem, e isto custa muito ao clube em patrocínios, quotas de publicidade, e prêmios perdidos. Como disse o presidente, “isto não é de graça”. E de fato não é.
Por isso, se essa gente quer de verdade o clube, precisa pensar urgente quem deve ficar e quem não. Aqueles que não souberam aproveitar as oportunidades que tiveram – e alguns tiveram muitas – precisam ir embora já, pelo bem do futebol e de River.



