O merecido triunfo de hoje por 2×0 sobre Huracán devolve ao torcedor riverplatense o direito de voltar a sonhar. Esta noite vimos um Millo que, além de lutar em todos os setores e não dar bola por perdida, em diversos momentos jogou um bom futebol, de toque, ofensivo, exatamente como o torcedor gosta.
Esta coluna confessa sua grande simpatia por J.J., um dos homens-chave daquele inesquecível River de 1975. El Negro era quem fazia a equipe passar da defesa para o ataque. Era graças a ele que Morete, Alonso, Luque, Pedro González, etc. marcavam os gols que faziam o torcedor delirar. J.J. conhece a importância de não deixar a bola com o adversário, e esta noite os homens de La Banda mostraram uma notável entrega na recuperação do balão de um Huracán que, por momentos, parecia dominar o meio de campo.
No PT River mostrou certa ansiedade rifando muito a bola. Mesmo assim, teve pelo menos três claras chances de marcar, aqui incluída uma perigosa cabeçada de Román, e um chute de Lanzini que deu na base da trave direita de Monzón. Poderia ter ido ao descanso com uma tranqüila vitória parcial. No entretempo, J.J. deve ter pedido aos seus homens para pôr a bola no chão, e foi isso que River fez no ST para definir a partida antes dos 15’.
Ambos os gols foram muito bonitos e mostraram um notável trabalho de conjunto. O primeiro, aos 5ST, surge de uma jogada na que participam quatro homens; o toque de Pavone, na entrada da área, deixa Lamela, que vem pela esquerda, sozinho para marcar na saída do goleiro. O segundo, aos 14ST, um contra-ataque bem trabalhado em que Pavone, desta vez aberto pela direita, coloca o centro certeiro para a cabeçada perfeita de Ferrari que vinha pela esquerda, um setor que não costuma transitar.
O ponto fraco de River continua sendo não saber mudar o posicionamento e retrasar suas linhas quando está ganhando, deixando a pressão para o adversário. Depois de alcançar o 2×0, J.J. poderia ter mandado todo mundo 10 m mais atrás para reduzir os espaços e sair mais perigosamente em contra-ataque. Outro ponto que precisa ser trabalhado é a definição: às vezes há excesso de toques e uma boa jogada de ataque acaba sendo desperdiçada. É preciso deixar o preciosismo de lado e chutar mais a gol.
De qualquer forma, o saldo é francamente positivo: River ganhou jogando bem e sem tomar gols, e passou a pressão da “promoção” para o outro lado. Este ano, La Banda tem um conjunto de homens que permite ao torcedor alentar ilusões de bons desempenhos e, quem sabe, até o campeonato. Por que não?
Como a gente costuma dizer: que River volte a ser River.



