River continua surpreendendo a próprios y estranhos. Depois das duas derrotas frente a Lanús e Banfield que, como um violento esquerda-e-direita nos deixou quase tontos apenas iniciados a Sulamericana e o Apertura, pela mão do Burrito Ortega A Banda virou um jogo que já se anunciava uma catástrofe.
Chacharita veio ao Monumental a jogar como quase todos: congestionando o meio-campo e atrás, e deixando um, ou no máximo dois homens livres para sair de contra-ataque. E foi assim que o Funebrero, como um jovem sem respeito pelos mais velhos, sopapeou repetidamente o Millonario. Primeiro, empatou duas vezes, aos 22PT y 46PT, até que, aos 8ST Parra vira e põe 2×3. Como em outras ocasiões, muitos já antecipávamos o pior.
Voltavam a sobrevoar Núñez os velhos fantasmas que não permitiam que River ganhasse um jogo nemquando ficava em vantagem logo ao começo, nem muito menos de virada. Inaceitável, se considerarmos que A Banda tinha aberto o placar aos 5PT com um golaço de falta do Enano, e convertido novamente aos 32PT com uma certeira cabeçada de Cabral.
Mas River tem Ortega que, pese a tudo – o alcoolismo, as idas e voltas, o baixo nível da maioria – tira um Burrito da cartola e devolve a esperança ao torcedor a força de genialidades.
Por momentos, jogou como se ainda fosse aquele Orteguita de 20 anos, que encantou com sua habilidade, inteligência e ousadia. O 4×3 final foi um justo prêmio para o ídolo em cuja volta quase ninguém acreditava, mas todos esperavam. Esta mesma coluna lhe disse “tchau” imaginando que, aos trinta y poucos, e com seus problemas, o Burrito não mais voltaria.
Mas, para felicidade geral da Grande Nação Riverplatense, o Burrito continua entre nós. Com um passe perfeito, e um golaço daqueles, liquidou a fatura. Como nos velhos tempos. Como somente os grandes sabem fazer. Obrigado, Burrito, não vá embora nunca mais.
