O famoso tango de Gardel e Le Pera éo que melhor reflete a atual situação de River: uma decadência que, como um carro desgovernado e na banguela, não tem freio. Um River sem orgulho e sem alma perdeu ontem seu quarto superclássico seguido – e desta vez com papelão. Na noite de Mendoza, somente um time saiu disposto a ganhar o jogo e levar a “Copa Revancha”, e esse time não foi River Plate.
Este lamentável quadro de River nos regalou ontem mais um triste espetáculo de inoperância, mediocridade e impotência. Esses homens que vestiram ontem a Banda tomaram dribles e até túneis dos homens xeneizes. Já nos acostumaram a esta indecência, a vê-los sair de campo levando nos rostos a resignação e a derrota.
Quando li nos meios que River poria “tudo que tem” fiquei animado. Minha animação, porém, durou pouco. Se tudo que River tem é Galmarini de 4, Ferrari de 3, e Rosales tentando – e falhando -jogadas como volante pela esquerda, ai de nós.
Somente o desespero e a necessidade podem ter levado um DT experiente como Gorosito a escalar na lateral direita a Galmarini, que tinha feito uma partida razoável contra San Lorenzo, mas que ontem deu pena, e na lateral esquerda a Ferrari, que passou o jogo inteiro com o campo ao contrário. Que eu saiba, nenhum dos dois tinha jogado antes nas respectivas posições. Ontem ambos perderam feio e fizeram um triste papel; Martín até tomou um túnel do limitado Krupoviesa.
Improvisações como estas costumam custar caro em partidas muito tensas e, especialmente, contra equipes como Boca, cuja maior virtude continua sendo, não importa o DT, a ordem tática. Ontem não foi diferente: o “duplo cinco”, mais uma vez, não funcionou. River perdeu todas as bolas no meio-campo. Foi um jogo desigual, umacovardia até,entre uma equipe improvisada e perdida em campo, e outra disciplinada eséria, determinada a tirar proveito das muitas falências do rival.
Não há muito mais para dizer que já não tenha sido dito nestes meses anteriores. Se estes homens pretendem continuar jogando assim, é melhor dispensar todos, economizar seus salários, e dar uma oportunidade a outros que tenham vontade de honrar a camisa.
River começou 2008 ganhando o torneio de verão. Muitos caçoaram dessa conquista dizendo que era um torneio sem importância. Hoje, qualquer riverplatense trocaria este triste presente pela repetição dessa conquista de apenas um ano atrás.
