Na entrevista que deu na semana, Antonio Mohamed se adiantou e usou justamente o título que eu tinha pensado para esta nota. Não há frase que ilustre melhor o presente de River que a proferida pelo treinador de Colón de Santa Fé.
Quando um navio está à deriva é porque ficou sem capitão, ou o que tem não sabe o que fazer para levá-lo até o porto. É exatamente o que acontece com River: o capitão do navio, ou seja, Nestor Gorosito demonstra não ter a mais remota idéia de como tirar o time do buraco. Por isso, tira alguns jogadores e põe outros, que depois tira para voltar a pôr aqueles que tinha tirado antes.
Na defesa, Cabral já demonstrou que é um desastre e não deveria mais jogar. Coronel, em apenas três partidas passou de grande promessa a enorme frustração. River precisa urgente de zagueiros centrais seguros e experientes, porque com os que temos vão nos golear com freqüência.
Galmarini parece render mais como volante pela direita. Escalar Galmarini na lateral é continuar queimando um jogador que até agora nunca conseguiu ser titular nem teve lugar fixo no time. Lucas Orban é a única opção possível na lateral esquerda. Apesar do pouco que jogou demonstrou que a posição lhe pertence e nunca deveria ter saído.
No meio-campo, Matias Almeyda não pode ser o único responsável por recuperar a bola; tem jogado bem, mas não devemos esquecer que está com 35 anos e já não corre como aos 25. Se Colón vier em um 3-5-2, o Pelado padecerá com a superioridade numérica e ficará sumido; vamos passar sufoco, já que atrás dele há um verdadeiro coador.
Mauro Diaz é rápido, inteligente, e tem bom domínio da bola, mas se dilui se não tiver ao lado alguém que cuide suas costas. Barrado é muito irregular: tanto é capaz de fazer uma jogada genial e um golaço, como de passar completamente desapercebido; nunca se firmou, embora de alguém com sua experiência a gente espera muito mais.
Ortega voltou com sua qualidade intacta, sendo um dos poucos que se salva. Porém, como Almeyda, paga o preço da idade. Não se pode pedir que esteja sempre 100%, ou seja genial o tempo todo. Talvez tenham razão os que criticam a Buonanotte por ser individual demais. No Enano, percebe-se o desespero de quem vê que o time não funciona e quer resolver tudo sozinho. Precisa jogar mais para o time e perto da área, onde pode fazer valer seu drible.
Fabbiani é o centroavante mais patético que deve ter passado por River. Nunca justificou as esperanças que o torcedor depositou nele, e demonstra que ser de River não quer dizer nada: é preciso jogar. Ogro não ganha una bola por cima nem por baixo, não sabe cabecear e nem se posicionar. Por quê não joga Tortuga Fernández? Foi vendido como Strahman?
Como Buonanotte joga sempre pela direita, River continua dando a enorme vantagem de não ter ninguém pela faixa esquerda (Archubi não, por favor). Esta coluna vem dizendo isto há muito tempo, mas Pipo ainda não se deu conta. Um time equilibrado deve ter pelo menos dois canhotos, idealmente três. Sem ninguém que ocupe o corredor esquerdo do ataque, toda vez que descer Orban não terá com quem jogar.
Conclusão: salvo duas ou três exceções, River é hoje um barco à deriva. Sua posição na tabela não deixa dúvidas: mal no Apertura, e dependendo de una façanha para seguir na Sulamericana.
Que os deuses da bola nos ajudem.
