O superclássico passou e nos deixou um gosto de “quero mais”. Não que River tenha jogado realmente bem, nada disso. Mas, este domingo na Bombonera, por momentos a equipe mostrou que pode ser mais incisivo e jogar melhor do que vinha fazendo ultimamente. Todos ficamos com a sensação de que, se apertasse um pouco mais, River poderia saído de lá com os três pontos. Faltou um pouco mais de pontaria.
O mesmo alguns boquenses andam falando por ai. Forlín parece ter-se contagiado da síndrome de dizer bobagens quando alguém lhe põe um microfone na frente. O fato dele próprio, um zagueiro, ter sido a figura de sua equipe diz muito. Significa que teve que trabalhar bastante e, desta vez, o fez bem. O fato de Boca ter conseguido abrir o placar somente aos 14ST significa que as coisas não foram tão fáceis assim.
É fato que River não chegou muito, mas Boca tampouco teve grande produção ofensiva, mesmo com a vantagem de jogar em seu “estádio”.O gol deles foi uma lamentável distração coletiva da nossa defesa. Palacio puxa o contra-ataque pela direita sem ser incomodado pelos homens de River, levanta a cabeça e encontra Palermo totalmente livre pela faixa central. Chávez ainda se oferece como opçãopela esquerda, também sem marcação. Palermo tem todo o tempo do mundo para receber a bola, girar, acomodar-se, e chutar de canhota para fazer 1×0. Fica a polêmica de se Vega poderia ter defendido o chute. Em seu blog, Fillol diz que sim. Com todo respeito, Pato, acho que não. O chute de Palermo cobriu esses 25 m de distância a mais de 98 km/h.
Mas a alegria dos boquenses durou pouco. Aos 23ST Buonanotte sofre outra falta violenta, desta vez de Battaglia -quenunca perde a viagem. Tiro livre para River a 24 m de distância. Gallardo chuta como havia muito tempo não fazia. A bola viaja por cima da barreira e vai fazendo uma curvaà esquerda que desorienta totalmente Abbondanzieri e entra pouco abaixo do ângulo superior direito. Também aqui Fillol opina que o goleiro de Boca poderia ter defendido. Discordo: o chute de Gallardo foi impecável, e por definição golaços são indefensáveis.
O esquema armado por Gorosito para este jogo foi cauteloso, ciente de que uma derrota a esta altura do campeonato, e mais no campo adversário, além do golpe anímico com vistas à Libertadores, poderia nos deixar mais atrás no Clausura. Assim, River procurou ter ou recuperar rapidamente a bola, num sistema de jogo que com equipes como Boca, que jogam basicamente no contra-ataque, normalmente gera muito atrito no meio-campo. Por isso, rapazes da ribeira, a gente não festeja empates mas, na atual circunstância, um ponto é melhor do que nada.
Além do belíssimo gol de falta de Muñeco Gallardo, outro destaque positivo foi a atuação de Buonanotte. Entrou no ST e jogou como deve jogar alguém com sua habilidade e seu porte físico: driblando pra frente, tocando rápido, perto da área, e encarando sempre. Sofreu a falta violenta que se transformou no golaço de Gallardo. Muitos se perguntam se não teria sido melhor mandá-lo para o campo desde o início. Pipo bem que poderia ter deixado o Muñeco e o Enano em campo. Tenho certeza que esses dois juntos ainda vão nos dar muitas alegrias.
Dos homens que geram expectativas para River, o desempenho de Fabbiani, quase ausente ontem, foi o destaque negativo. Ogro andou declarando que nos outros times tinha mais espaço, e que em River precisa mudar seu jogo. É verdade: além de perder mais alguns quilos de peso, Fabbiani precisa se movimentar mais dentro do campo, e falar menos fora dele. Como dizem nos seriados americanos, “tudo que você dizer poderá ser e certamente será usado em sua contra”.
É muito melhor ganhar, gostar, golear – e falar somente depois.



