É a defesa de River. Foram 5 gols, mas poderiam ter sido 6, 7, 8, tal a inoperância de nossa defesa e a facilidade com que os homens de San Lorenzo chegavam até Ojeda. O goleiro não tem responsabilidade nesta goleada, sem dúvida histórica. Ela deve ser creditada não apenas ao sólido desempenho do time de Russo – afinal, um placar de 5×1 não ocorre por acaso – mas também à assustadora inoperância da maioria dos homens do atual plantel de River.
Nada que esta coluna não venha apontando há muito tempo. Desde 2007 criticamos o ineficiente sistema defensivo de River, um problema que, como vimos ontem, está muito longe de ter uma solução. Foi essa defesa desastrosa que provocou a saída, de mãos vazias, de Passarella, a desclassificação nas copas Libertadores e Sulamericana 2008, a saída antecipada do técnico campeão Simeone, a frustrante passagem do interino Rodríguez, e o inédito último lugar no Apertura 2008.
Com a chegada de um novo técnico as expectativas sempre se renovam. Porém, já antes de assumir Gorosito esta coluna advertia que seu maior desafio seria a defesa. Dito e feito. Vemos, com tristeza, que até agora, Gorosito não deu a devida atenção a este fundamento do futebol, ainda mais essencial em competições curtas como a Libertadores, um torneio que os homens de River dizem querer conquistar.
Por enésima vez, para vários dos atuais jogadores a camisa de River é pesada demais, e é possível que o mesmo possa ser dito de Gorosito. Uma coisa é querer dirigir a River – como Pipo declarou quando ainda estava em Argentinos Jrs. – e outra muito diferente é ter o necessário para dirigir o clube de Núñez, no qual ganhar é obrigação constante. É possível que Gorosito não tenha o que é preciso para mudar a cabeça de um plantel medíocre e muito desgastado por esta insólita seqüência de fracassos e humilhações.
Não se trata aqui de jogar as culpas no técnico quando, evidentemente, diversos referentes do plantel continuam jogando muito mal. Mas é fato que, até agora, não se vê a mão de Gorosito. A quase dois meses de Pipo ter assumido o comando do time, River continua jogando igual ou pior que antes: não tem esquema de jogo, erra muitos passes, deixa espaços enormes no campo, dá muitas vantagens na defesa, deixa a bola e a iniciativa com o adversário, e cria muito pouco no ataque.
Quando da triste atuação de River no torneio de verão, dissemos que Pipo tinha começado o ano da pior forma possível. Iniciado o Clausura, nos animamos com um primeiro jogo em que River não ganhou mas jogou bem. Depois, nos entusiasmaram as três vitorias seguidas, contra Nacional de Paraguai, Central, e Banfield, algo que não acontecia havia muito tempo. Essas vitórias, porém, não foram capazes de esconder a verdade: River ganhava, sim, mas continuava jogando mal.
Ontem, no “Novo Gasômetro”, San Lorenzo nos jogou um balde de água fria, nos acordando do estranho sonho. Os homens do “santo” estiveram sempre melhor posicionados, e foram sempre mais rápidos e determinados. Praticamente todas as bolas de ataque levaram cheiro de gol, graças em boa medida à inestimável e decisiva ajuda de nossa lastimável defesa.
River vai de mal a pior. Um gol aos 28 segundos de jogo, 2×0 aos 5PT, 3×0 aos 17PT, 4×1 aos 45PT. Não importam as desculpas que queiram inventar, este time de Gorosito joga pior que o de Simeone, que por sua vez jogava mais feio que o de Passarella. Ao todo, já são vários anos de uma decadência futebolística quase contínua, apenas interrompida pelo 33ro. campeonato no Clausura 2008.
Pergunto: Onde está a mão de Gorosito? Porque, com essa defesa, continuaremos sendo derrotados, goleados, desclassificados, e humilhados.
É em tempos difíceis que os grandes treinadores mostram a que vieram.
