Todo riverplatense sabe: a humilhação do inédito rebaixamento somente terá valido a pena se for para que River ponha mais uma taça de campeão em suas vitrines e volte triunfante para a elite do futebol argentino. Foi exatamente isso que ocorreu aqui com dois dos times mais populares do Brasil: Palmeiras e Corinthians. Desta forma, a enorme distância em títulos conquistados que separa a River do segundo colocado ficará ainda maior (hoje o outro time precisa como mínimo de uma década para alcançar os incríveis 33 títulos de La Banda).
Uma bem planejada jogada de marketing deveria ter começado no mesmo momento em que o apito do árbitro condenou a River a jogar na segunda divisão. Isto poderia incluir o lançamento de uma nova camisa para ser usada este ano. Lamentavelmente, pelo que vi durante a apresentação de Cavenaghi e nos vídeos que publicou, DAP tem pouco talento para falar em público. Não importa: ainda dá tempo de transformar este campeonato da “B”, este ano prestigiado pela presença de River, em um grande acontecimento, algo nunca antes visto na Argentina. DAP precisa entender isto, e deixar o planejamento de marketing por conta de gente mais experiente.
Já dentro do campo o jogo é outro e a equipe precisa estar à altura das expectativas, que são enormes. É preciso entender que os outros times da “B” vão se sentir como Davi contra Golias, e não perderão a chance de ferir a River se esta se apresentar. Como DT, Almeyda é uma incógnita; igual que Leonardo Astrada quando estreou como DT em River, Almeyda não tem experiência prévia, e isso pode ser um problema. Do lado de fora da linha de cal, as coisas se vêem diferentes; um jogador, por melhor que seja não se transforma em DT da noite para o dia.
Desde o começo, Almeyda precisa montar um time eficiente e competitivo que: a) defenda bem; b) seja rápido na passagem da defesa para o ataque; e, c) crie situações de gol como para converter três ou quatro por partida. Para deixar atrás a anemia de gol que River padece atualmente não adianta só gritar nos treinamentos. O DT precisa desenhar e treinar à exaustão as jogadas que seus pupilos farão depois dentro de campo. Nada deve ficar de fora: jogadas de linha de fundo, corners, cobranças de falta, e até pênaltis (ah, se Pavone tivesse convertido aquele contra Belgrano, que diferente poderia ter sido).
Mas vamos dar ao “Pelado” um voto de confiança e desejar a ele e sua esquadra a melhor das sortes. O torcedor, como sempre, fará sua parte e seguirá e alentará a River onde for preciso. No campo, os homens que vestem a gloriosa camisa precisam estar muito cientes de sua responsabilidade. A glória de River – e a saúde cardíaca de todos nós -assim o exige.



