Nessa ensolarada tarde de domingo com que o outono austral presenteou ontem os porteños, num Monumental a 60%, depois de várias rodadas este River medíocre voltou a dar ao torcedor uma alegria. Foi 2 a 0, mas pela atuação de River (e a de um adversário que está pior que nós) sem muito esforço poderiam ter sido 4 ou 5 gols.
Depois da jogada e o golaço de 35 metros de Barrado aos 29PT, ele mesmo manda um centro perfeito para a cabeçada magistral de Falcao. ¿Por que Barrado não joga sempre assim? River ganhava por 2 a 0 fiel à escola que lhe deu tantos títulos: atacando y jogando bem. Quase ao final da primeira etapa, Buonanotte perde o terceiro quando, em jogada em velocidade pela esquerda seu chute se estatela na trave direita de Asmann, no que teria sido um justo prêmio a una tarde na qual o Enano impôs sua velocidade e seu drible, e jogou como fazia muito tempo não se via.
No primeiro tempo houve outros bons ataques de River: uma bola passou muito perto da trave esquerda e outra deu no travessão do loiro Asmann, todas jogadas dentro da área pequena de Independiente. A essa altura La Banda já estava fazendo por merecer aplicar no Rojo de Avellaneda uma goleada. Se La Banda tivesse ido para o entretempo ganhandode 3 a 0 teria sido muito justo. ¿Por que resulta tão difícil jogar sempre assim?
Porém, no segundo tempo, a história começava a se repetir. Ao invés de sair para golear y liquidar a fatura, um River tíbio y sem vontade se deixou atropelar por um adversário no desespero, perdeu a bola e cedeu espaços. Voltou o toque improdutivo, para atrás ou para o lado, as bolas perdidas, os passes errados, o não saber o que fazer com o balão. Não vamos nos enganar: na segunda metade River não jogou tão bem quanto. Mesmo tendo a vantagem, cedeu o contra-ataque a Independiente, teve vários desentendimentos na defesa, e se expôs além da conta. Um líder dentro do campo continua fazendo falta.
E o que a gente mais temia finalmente acontece: ao 10ST Independiente marca de cabeça. Esse gol, corretamente anulado – havia pelo menos três do Rojo em adiantamento – mostra como River saiu mal parado na segunda etapa. Independiente pressionava e chegava com freqüência. Pouco depois, Falcao desperdiça grotescamente um pênalti quando escorrega na hora de chutar e manda a bola para a arquibancada. Logo depois, um pênalti inexistente no qual Núñez se joga teatralmente depois de ter ganhado a posição desse torpe sem remédio chamado Gerlo.
¿O que quis fazer Montenegro? Talvez deixar Vega pagando para gozar da torcida depois. Não é assim que se chuta um pênalti, e o tiro sai pela culatra: chuta fraco e anunciado, e a esticada de Vega manda a bola pro escanteio. O Rojo fica em zero. Rolfi é goleador y o melhor jogador de Independiente; poderia ter sido o grande volante pela direita que ainda hoje faz falta em River, uma posição que até agora Augusto, Galmarini, Barrado ou Bou não souberam preencher.
Um bom triunfo, sem dúvida, que poderia ter acabado em goleada, agora que já não disputamos mais nada. Como presente de aniversário, é melhor do que nada.
Até que enfim ganharam uma, rapazes!



