Quando Atlético Tucumán fez seu gol aos 2PT, muitos tememos que fosse mais uma dessas tardes de terror a que este River já nos tem acostumados. Outra vez saímos perdendo desde os vestiários. Outra vez a subir a ladeira desde o início mesmo da partida. Sem contar que, no PT, o “Decano” esteve perto de ampliar o placar.
Ser de River não é apto para cardíacos. No PT, mesmo sem jogar bem e errando muitos passes, “El Millo” correu muito e tentou por todos os lados furar o forte esquema defensivo de AT. O que ocorreria no ST era previsível: River, ferido em sua honra, viria para o tudo ou nada e se arriscaria a levar mais gols de contra.
A gente não sabe o que Astrada falou para os jogadores no intervalo, mas seja o que for fez o efeito desejado. River veio para o ST com outra atitude, outra disposição. Além disto, era sabido que AT não poderia manter o ritmo da primeira etapa.
Mesmo assim, o empate somente chegou passada a metade do ST. O gol saiu numa dessas raras jogadas perfeitas: passe longo de Almeyda para Galmarini que, já dentro da área, ganha do defensor e baixa a bola de cabeça para Gallardo. Muñeco mostra que ainda está vigente: não deixa a bola quicar e a cruza, perfeita, ao canto inferior direito do goleiro. A carreira de Gallardo até o centro do campo parece dar um claro recado: “aindaé preciso fazer mais”.
Apenas 5’ até o segundo gol. Iam 29ST quando o juvenil Pereyra faz veloz jogada de ultrapassagem pela esquerda, a faixa que quase ninguém ocupa em River. Ao chegar à linha de fundo, toca de direita para a cabeçada de Rosales. Era gol, mas um defensor salva sobre a linha, apenas para deixar a bola servida para Buonanotte, que busca o ângulo e chuta forte e cruzado, de canhota, no canto superior direito, impossível para o goleiro.
Enano corre para um longo, apertado abraço com Almeyda. A cena mostra às claras o tipo de liderança que o Pelado exerce no time. Ao levantar do chão, Buonanotte recebe outro abraço, desta vez de Gallardo. O que será que Muñeco e Enano se falaram nesse momento?
Outros 3’ e La Banda põe a cereja do bolo. Em clássica jogada de contra-ataque, o lançamento parte do círculo central ainda no campo de River. Quem o recolhe pela direita é Buonanotte. Novamente, o Enano busca o ângulo e parece querer chutar a gol. No meio da área estão Rosales e, chegando na carreia, Villalba. “Deixa!” deve ter gritado Keko. Mauro deixa então a bola para Villalba, que chuta forte e abaixo, com a segurança de um goleador experiente. Iam 32ST e River punha as coisas nos seus devidos lugares: 3×1.
Nos três gols, apenas três jogadores de River tocaram a bola, desde o nascimento da jogada até a conclusão em gol. Nos três gols, houve um emotivo festejo de homens que sentem a camisa e parecem querer fazer as coisas bem.
Agora, a retomada continua contra Godoy Cruz. Que os ares mendocinos, como seus excelentes vinhos,nos tragam ainda mais alegria.



