O torcedor deve estar se perguntando o que esses caras têm nas veias, e o que precisam para reagir e nos dar ao menos uma satisfação. Será que não sentem vergonha de não conseguir nem mesmo um empate contra o modesto USM? Sabemos que não têm respostas porque, se as tivessem, as teriam dado dentro do campo. Portanto, que fiquem calados, falem menos e joguem mais. Que parem de dar entrevistas tentando justificar, o que não adianta nada. A única verdade é que River volta de Lima com nova derrota contra um time sem estrelas nem pretensões como USM.
À parte o problema pessoal, que não lhe permitiu viajar a Lima com a equipe, Gorosito parou um conjunto de homens que, até os 15ST não sabiam a que vieram. Para começar, River foi para o campo sem um “10” de criação. Porque Sambueza trabalhou e tentou muito pela esquerda, mas não é “10” capaz de carregar o time nas costas. Como máximo, Sambueza pode ser quarto volante ou falso ponta esquerda, um coadjuvante de qualidade, mas não muito além disso.
E River não tem um “9” de área, alguém capaz de jogar de costas para o gol, receber o passe, segurar a bola, tocar para os lados, cabecear, chutar de primeira. Porque, apesar de toda sua entrega, a que já nos tem acostumados, Falcao Garcia não é “9” capaz de desarrumar a zaga adversária. Radamel é um excelente atacante mas não sabe, por exemplo, cabecear. E não serve de nada lançar centros sobre a área se River não tem um bom cabeceador e nem mesmo se ensaiam jogadas aéreas. Aos 18ST Radamel sofreu um claro pênalti não sancionado pelo altaneiro mas inseguro Buitrago.
Conseqüência: todos os centros (mal) lançados sobre a área da USM foram tarefa fácil para a defesa. Nossos homens não ganharam uma única bola aérea – o gol de Falcao Garcia foi com o joelho. E, embora tentou, River também não conseguiu levar perigo com a bola no chão, tal a falta de objetividade e o grande número de passes errados, um defeito que a esta altura já parece insolúvel.
Difícil entender por que Rosales insiste em cair pela esquerda, onde não tem habilidade, ou em chutar tiros livres, coisa que não sabe fazer. Não serve de nada jogar pela esquerda se não faz a diagonal para chutar de direita. E bola parada é coisa para especialistas, não para iniciantes. Esta noite Mauro não chutou bem um único tiro livre ou escanteio, não fez um único desborde sobre seu marcador, e por vezes foi displicente e apenas se livrou da bola. Ademais, Mauro errou um gol feito debaixo das traves.
Galmarini transitou pela direita para ajudar na defesa e fazer a bola circular, mas sem qualquer responsabilidade no ataque e sem conseguir formar com Rosales uma dupla minimamente eficiente. Pela esquerda, no PT Archubi e Sambueza trabalharam bastante, mas no ST não funcionou. Archubi, principalmente, pareceu perdido, distraído, e errou muitos passes e perdeu várias bolas. Além disso, Archubi e Ahumada ganharam tontamente seus cartões amarelos.
Custa entender por que, tendo ido para o descanso 1×0 abaixo, o técnico esperou tanto para fazer mudanças. Quando Gallardo finalmente entrou, já era tarde para tentar alguma coisa. A impressão é que o DT ainda não entendeu bem o que precisa fazer. Foram muitas as vantagens que River deu contra o modesto, porém ordenado, time da USM. Graças ao pênalti – no mínimo duvidoso – o time peruano se tranqüilizou e passou a jogar sem muita preocupação. Mas, quando atacou, USM o fez com mais ordem, mais clareza, e mais determinação que River.
O principal problema deste River é que não funciona como uma equipe organizada, mas como 11 caras que se juntaram na esquina 10’ antes do jogo. Todos põem muita vontade, mas a bola lhes queima nos pés. A quantidade de passes errados que River apresenta a cada partida confirma que, como não há um esquema definido de jogo, cada jogador prefere deixar a responsabilidade para o outro. Os passes errados mostram que a maioria não sabe onde o companheiro vai estar ou o que vai fazer.
Agora, como um ano atrás, para recuperar a chance perdida River terá que conseguir uma vitória contundente no Monumental.
