Está nos meios a notícia de que os últimos reforços que River tentava contratar – Mercier, Maxi López e Shaffer – por diversos motivos não virão. Isto significa que Gorosito vai ter que se arranjar com o que tem, queé basicamente a mesma equipe que ficou em último lugar no Apertura 2008, e que começou 2009 da pior maneira possível: perdendo 2 vezes seguidas como arqui-rival.
A mudança de DT sempre traz esperança renovada, mas não sei quais as reais condições de Gorosito para dirigir o clube que, nas palavras de Beto Alonso, tem a camiseta mais pesada da Argentina. Outros clubes podem fazer gols com a mão, em impedimento, ou ganhar campeonatos com a ajuda do árbitro. River não. Talvez não haja no mundo outro clube em que, a pesar dos incríveis 33 títulos, a falta de triunfos constantes gere tanto estresse.
Que River não conta hoje com jogadores capazes de empolgar o torcedor é fato. Além do, até agora, desaparecido talento de Buonanotte não temos muito mais o que mostrar. Some-se a isto um quadro de dirigentes que contrata homens de qualidade duvidosa, deixa ir jogadores que rendem, e sem qualquer pudor manuseia a próprios e alheios num triste espetáculo de absoluta falta de ética.
Por outro lado, sobram no mundo exemplos de clubes ganhadores que, se não contam com grandes estrelas, têm esquadras eficientes e bem armadas, em que cada homem sabe o que precisa fazer e o executa de forma eficaz. É disto que Gorosito precisa: estruturar seu time sem estrelas para conseguir os títulos que o clube deseja. É em momentos difíceis que é possível ver o verdadeiro talento de um treinador.
Para lograr o equilíbrio, River precisa de cinco jogadores, a saber:
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Um zagueiro central seguro e eficiente, capaz de comandar toda a zaga. Nenhum dos três zagueiros principais de River tem esta característica. A bola lhes queima nos pés, não sabem o que fazer com ela nem a quem passá-la. Trata-se de absoluta falta de qualidade ou apenas falta de confiança? O treinador precisará trabalhar o lado psicológico junto com a aplicação tática.
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Um lateral esquerdo que seja canhoto, capaz de defender e ir para o ataque com um mínimo de eficiência. Villagra dá muitas vantagens ao adversário. Por destro, quando defende não pode se perfilar para desarmar o atacante; quando ataca, seu único recurso é fechar para o meio ou recuar a bola em diagonal. Via de regra as jogadas se perdem e é preciso recomeçar.
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Um “cinco” que seja ao mesmo tempo forte e bom de bola. Deixamos ir o eficiente Leo Ponzio, que até de lateral jogou, e ficamos com Ahumada que corre muito, mas não tem nível para estar em River.
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Um “dez” ou meia-armador típico, capaz de “ver” e armar as jogadas, de jogar e fazer os outros jogarem. Buonanotte não é esse homem, mas acredito que jogaria muito melhor se tivesse ao seu lado alguém assim. Gorosito conhece bem esta função, que ele próprio fazia quando jogava. Pode ser Gallardo, quando se recupere, e pode ser Ortega, quando voltar no segundo semestre.
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Um “quarto volante” ou “falso ponta esquerda”; deve ser canhoto e capaz de concluir as jogadas pela esquerda. Como estamos hoje, nossas jogadas de ataque por essa lateral são sistematicamente desperdiçadas pela falta de um jogador canhoto. Pode ser Archubi, desde que esteja apto a executar esta função.
Se no presente não tem estes homens, Gorosito precisará “fabricá-los”. Como? Trabalhando, ao mesmo tempo que a parte física, a psique do jogador até mentalizá-lo para que cumpra a função desejada.
Isto, porém, tem que acontecer já. O ano já começou, e River não pode esperar.



