Para alguém que olhasse de fora, estava tudo muito claro. River chegava a estes “superclássicos” muito ansioso. Todos falavam demais: Almeyda, Cavenaghi, Chori. Davam a impressão que iam fazer picadinho de Boca. Porém, River chegava duplamente ferido: por não ter ganhado de Boca nos últimos encontros “oficiais”, e por ter sofrido, no mesmo ano, o rebaixamento para a “B”, e ainda ter visto o eterno rival campeão invicto da “A”.
O que aconteceu na prática foi bem diferente. Um River ferido e ansioso, com um ataque que durou menos que um suspiro, e se apagou como uma vela ao vento. Por isso, depois de sofrer a segunda derrota em quatro dias, e três gols a zero, o melhor que Almeyda, Cavenaghi, Sánchez podem fazer é fechar a matraca. Nada do que disserem vai mudar absolutamente nada: o resultado, sua pífia atuação em campo, ou a absurda briga sem motivo de “Chori”.
Vontade só não basta. Em colunas anteriores vínhamos alertando para a falta de ofício do DT Almeyda. Estes jogos se começam a ganhar no vestiário. Não deu outra: velho zorro, Falcioni se aproveitou da inexperiência do nosso DT e lhe pôs uma armadilha. Almeyda – que justo num jogo crucial resolveu “testar” uma formação diferente – achou que River fosse golear. O domínio inicial de La Banda durou apenas 5’; depois, os contra-ataques de Boca fizeram o estrago, e houve até cheiro de goleada no ar.
Na segunda partida, a imagem de Mouche cabeceando sozinho para o gol vazio diz tudo. Alguns ainda falam que River jogou melhor, e chamam o rival de mesquinho. A verdade é que apenas um gol foi suficiente. Ainda bem; mais teria sido humilhante. Boca jogou como o fez sempre: defendendo bem atrás e saindo rápido no contra-ataque. E com River não ia ser diferente, porque era River quem precisava ganhar; era River que precisava demonstrar algo. Parece que somente Almeyda não sabia.
É preciso reconhecer: River ainda não aprendeu a jogar contra esa formação táctica. Por isso sofreu com Aldosivi, Rosario Central, Atlético Tucumán y Boca Unidos. E, se não aprender, continuará sofrendo. Nestes superclássicos de verão, Falcioni deu a Almeyda uma lição (que esperamos saiba aproveitar). Primeiro, a defesa. Somente com uma defesa bem parada é possível ganhar o jogo. E quem não faz, toma.
Agora, é fechar a matraca e trabalhar.



