Observando como joga River, a gente constata que praticamente não houve melhoras respeito do time que finalizou último no Apertura 2008. Pipo Gorosito já está no cargo há mais de tres meses, mas ainda não se vê uma mudança que permita alimentar esperanças. A cada jogo mais ou menos aceitável e a cada vitória seguem um jogo desastroso ou uma derrota. A goleada por 5×1 com San Lorenzo, a derrota por 3×0 com Nacional em Montevidéu, e a nova derrota ontem por 1×0 contra o limitado Racingno “Cilindro” não permitem ver a tão falada “luz no fim do túnel.
Conclusão mais do que óbvia: River continua jogando mal, perdendo pontos e jogose, o que é pior, sem mostrar qualquer sinal de reação. Nesta decadência, que já dura tempo demais, o torcedor não consegue ver nos principais referentes do time – Ferrari, Abelairas, Ahumada, Buonanotte -nada que dê a entender que pelo menos tentam levantar o péssimo nível que vêm mostrando há muitos meses.
No River atual tem muita coisa errada, a saber:
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Não é possível ficar mudando de goleiro a cada jogo. A função é chave em qualquer time, e requer afirmação. O goleiro precisa gritar com seus defensores para corrigir erros de marcação durante o jogo, e somente pode fazer isso se tiver estabilidade e ganhar autoridade. O goleiro é humano e pode cometer erros; não se pode condenar um goleiro por uma goleada estrondosa, quando esta é, basicamente, culpa da nossa defesa e mérito do adversário.
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Um destro como marcador lateral esquerdo está errado. Todos os times escalam canhotos na posição. Nossos adversários já conhecem esta falha crônica de River e concentram por ali seus ataques. Por isso Villagra sofre tanto – e geralmente falha. Contra a linha de cal esquerda, um destro tem o campo ao contrário. Precisaria ser um craque, mas craques não jogam nessa posição.
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Ter dois centrais que não se entendem está errado. Zagueiros em geral não são muito bons de bola, mas se ademais são lentos, distraídos,e não se entendem entre si, é muito ruim. Por isso tem sido tão fácil vazar a defesa de River. Sem uma defesa eficiente River não pode aspirar a nada. Primeiro, a defesa.
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Não antecipar o adversário está errado. Hoje todos os times jogam não deixando jogar. Nossa defesa, quandomarca, o faz muito atrás permitindo que os atacantes contrários recebam, dominem, levantem a cabeça, e decidam a jogada. É preciso marcar mais adiante, antecipar o adversário, apertar quem tem a bola para que não consiga passar, e marcar também quem recebe. Para recuperar a segunda bola, deve-se criar superioridade numérica por zona. Tudo que River não vem fazendo.
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Que o homem de criação fique sozinho e tenha que transportar a bola está errado; ele precisa ter alguem do lado para tocar rápido e evitar a falta. Os árbitros não têm dado muitas faltas para River. Por isso, não adianta nada ficar no chão e reclamar do juiz. Impõe-se o toque envolvente, progressivo epara frente, em direção ao gol. Bola para trás só como último recurso.
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Que ninguém ocupe a faixa esquerda está errado. Todos os times têm um lateral, volante, ou “falso ponta” canhoto para fazer a ultrapassagem e/ou o desborde pela esquerda. River tem sistematicamente negligenciado essa lateral e se concentrado quase exclusivamente na direita. Manter as laterais ocupadas evita que os laterais adversários se somem ao ataque. Assim, Villagra e Ferrari sofreriam menos com as bolas lançadas às suas costas.
Na Libertadores, quase todos os times jogam mais ou menos igual: com duas linhas de quatro bem paradas atrás, para não tomar gols, antecipando, marcando a “segunda bola”, e tentando sair rápido em contra-ataque.
Nenhum time dos que vi até agora deixa a bola e o campo ao adversário para “ver o que acontece”. Se River continuar jogando assim, é suicídio na certa, contra qualquer adversário.
Veremos esta noite no Monumental contra NacionaldeMontevidéu.