Com duas vitórias iguais, por 2×0 ante Racing e Tigre, River se despede de um 2009 que será melhor esquecer. Fazia dez longos meses – desde o último Clausura – que La Banda não conseguia dois triunfos seguidos – algo que em outros tempos era moeda corrente. Porém, como não tem mal que dure cem anos, os homens de River resolveram finalmente dar ao torcedor este presente de fim de ano no apagar das luzes do Apertura.
Contra Racing, como com Tigre, os tentos foram convertidos por homens saídos do inesgotável canteiro riverplatense. No penúltimo jogo do torneio, El Millo alcançou 1×0 graças ao genial passe de Ortega e a tranqüila definição de Mauro Diaz. O resultado definitivo ficou por conta de uma falta de longa distância – calculo uns 35 m ou mais – convertida magistralmente em gol por Matias Abelairas.
Com Tigre, a quase 47PT Rogelio Funes foi buscar o preciso centro de Barrado como o centro-avante que há muito tempo River está pedindo. Observem a jogada: a bola ainda está no ar, mas o “Argie” de 18 anos já sabe o que vai fazer. Cabeçada firme junto à trave esquerda e 1×0. No segundo, Buonanotte coloca a bola no ângulo esquerdo com a mesma precisão com que Gallardo o faz do outro lado. Fazia tempo que El Enano vinha buscando um gol assim. Este domingo, finalmente, o encontrou.
Gallardo, Buonanotte, Abelairas. Três homens que neste ano converteram maravilhosos gols de falta para River. Somente os que sabem chutam assim, como se a barreira estivesse de enfeite, e fazendo o goleiro se espatifar no chão sem pegar nada.É bom terminar o ano com esta imagem de River: a de uma equipe que quer deixar para trás, de uma vez por todas, esta fase terrível, cheia de frustrações locais e internacionais.
Para 2010, é preciso reforçar urgentemente a defesa. River não pode continuar dando tantas vantagens. Um time sólido se arma de trás para frente. É fundamental contratar dois zagueiros centrais seguros, e pelo menos mais um marcador lateral canhoto. Improvisar volantes como laterais pode servir para casos de emergência, mas não pode se tornar costume.
No meio-campo, nossos melhores homens, Almeyda, Ortega, e Gallardo, já estão além dos 35 anos de idade; não se pode exigir deles o mesmo nível de entrega e sacrifício que de jogadores mais jovens. Embora em 2010 River não vá disputar as copas, necessita ter peças de recambio. A situação financeira do CARP, e a debilidade do peso argentino, porém,obrigam a sermos realistas: River precisa contratar com critério para não ter as dores de cabeça – e o prejuízo financeiro -do passado recente.
No ataque, não é possível continuar jogando sem pontas e sem centro-avante. O jogo fica excessivamente centralizado, e facilita para a defesa adversária. Este é o motivo da fraca produção ofensiva de La Banda nos últimos tempos. River precisa ter pontas que joguem abertos e abram o caminho para os que vêm de trás; também, encontrar um “nove de área” que dispute a bola com a zaga adversária e faça gols.
Por fim, seja no esquema 4-4-2, 4-3-1-2, 4-3-2-1, o qualquer outro, River precisa praticar um futebol moderno, ofensivo, segurando bem atrás, e saindo rápido em contra-ataque -exatamentecomo a maioria joga contra nós.
Em resumo, que em 2010 River volte a ser River: o time mais campeão da Argentina.