A gente sabe que, nesta época do ano, a principal preocupação do DT é testar jogadores e preparar o time para o campeonato iminente. Mesmo assim, até por uma questão cabalística, não é nada agradável começar o ano futebolístico com derrota, como é o caso da equipe de Astrada neste início de 2010.
Quando a gente revê os gols sofridos nas duas derrotas, 1×2 com Racing, e 2×3 com Independiente, fica comprovado o que esta coluna vem dizendo há muito tempo: River precisa começar a jogar diferente, diminuir os espaços atrás, e se expor menos aos contra-ataques do adversário.
No jogo do meio da semana, ambos os gols de Racing nasceram de erros francamente grotescos, de Navarro e Pereira. River dominou o campo e teve mais a bola, mas chocou-se uma e outra vez com a dupla linha defensiva armada pela Academia.
No jogo de domingo, os três gols de Independiente surgiram de contra-ataques que, embora bem executados pelo Rojo, pegaram nossos homens no contrapé e com muitos metros às suas costas. Na verdade, uma vez conseguida a vantagem parcial por 2×1 River nem precisava se expor. Porém, faltou um líder em campo para organizar as linhas e mudar a tática de jogo em cima da hora.
É fato que, não importa o DT, River ainda não aprendeu a jogar de contra-ataque. Ocorre que, hoje, praticamente todos os times jogam assim: esperam bem fechados em seu próprio campo, e passam rapidamente ao ataque quando recuperam a bola. Essa tática errada de River– e a insólita série de erros individuais dos nossos homens – têm sido as causas dos dissabores dos últimos anos. Isto é especialmente verdade em torneios curtos, com jogos eliminatórios, em que pontos perdidos dificilmente são recuperados.
Curiosamente, River tem hoje um elenco misto ideal para deixar o domínio de campo de lado e passar a jogar no contra-ataque. De um lado, há um grupo de homens que passaram dos 35 anos e já não podem correr como antes; se vão, voltam com muita dificuldade. Do outro, há um bom número de garotos com reserva física suficiente para dar corridas de 40 e 50 m nas costas dos defensores adversários.
É isto que River precisa explorar. Cabe ao DT treinar e mentalizar sua equipe para que passe a jogar de outro jeito, dando menos chances a atacantes como Piatti que, embora veloz e inteligente, deu um verdadeiro passeio, pela esquerda e pela direita.
Que “Torneio de Verão” que nada. Basta de perder, rapazes. Agora, vamos com tudo. Vamos ganhar.




